segunda-feira, 30 de abril de 2012

Diploma de Colegial




                                               1981- Acervo Gilberto Pereira de Almeida

Diplomas da Escola Normal



         1890-Diploma de 12/12 de Anna Athayde de Andrade -  Acervo: Arquivo do Estado


                                                  1898- Diploma de 6 /12 de Adelaide de Macedo


                              1901- Diploma de 30/11 de Iracema Sá- Acervo: Arquivo do Estado


1904- Diploma de Firmino de Proença, acervo da família


1941- acervo pessoal de Lígia Venosa


1941- Habilitação Pré-escola- Acervo Ligia Venosa


1953- Acervo de Wilma Roberto Bozzo


1962- Acervo de Maria Lúcia de França Camargo


1963-Especialização em Pré-Escola- Acervo Maria Lúcia de F. Camargo


1979-acervo Ana Priscila Girão

Histórias Caetanistas


Por que será que a Justiça de minha querida São Paulo está me castigando há três anos e não desfaz o nó de um processo que me amargura o coração?
 Será que é pelo meu fanático paulistanismo?

Tenho culpa de ter nascido na Rua Amazonas (ao lado da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora dos Salesianos e nas proximidades do Mosteiro da Luz, de Frei Antonio de Sant'Ana Galão), "Walquiria" que sou, de sanguinho alemão, herdado de minha avó paterna?

E de ter sido batizada na Igreja de Santa Efigênia - de D. Gastão Liberal Pinto?
 E de ter sido crismada em Vila Mariana, onde então morava meu "nonno", sendo madrinha minha tia avó Romana (Igreja da Saúde na Domingos de Morais)?
 E, maiorzinha, ter assistido, com meus pais e irmã maior, missa domingueira na S. Bento?
E, após a missa, ir com o meu pai à "Brasserie Paulista", onde ele se encontrava com amigos (como ele, ex-combatentes da 1ª Guerra Mundial, de 1914) enquanto eu me regalava com pistaches e, a seguir, escolhia folhados recheados com cremes para levar para casa (Praça Antônio Prado, topo da São João)?

E de ir com meus avós tomar milk-shake ou cassata italiana, na Fazoli, ou na confeitaria Fontana na Rua Direita, onde havia orquestrinhas - músicos como os irmãos Poffo e outros?

E de ter freqüentado, com minha família, o Cine Rosário, no recém-inaugurado Edifício Martinelli? 
E de, com quatro aninhos, ter feito meu "debut" como freqüentadora do nosso Teatro Municipal, assistindo, de camarote, a Ópera Tosca?
 E de ter brincado no Jardim da Luz, onde havia um mini-zoológico, com pavões, emas, avestruzes, tartarugas, araras, papagaios, coelhos, lindos passarinhos nas gaiolas, peixinhos coloridos no meio de flores, muitas flores e árvores frondosas?

E de ter, em muitos fins de semana, ido com o trem da São Paulo Railway, que descia de cremalheira a Serra, até Santos (Estação linda defronte ao Jardim homônimo)?

E de, nas férias escolares, descer até o litoral, pela antiga Estrada do Mar, na enorme Fiat do "Zio Giovanni", onde cabia a família, dele e a nossa?

E de ter estudado no Colégio Santa Inês, das Irmãs Salesianas, defronte à linda Escola de Odontologia e Farmácia (Rua Três Rios)?
 E de, orgulhosamente, ter sido colega de turma de famosos - Ligia Fagundes Teles, Auro Moura Andrade e outros -, na nossa maravilhosa e célebre Escola Normal da Praça da República (mais tarde, Instituto Caetano de Campos)? 
E onde tive o privilégio de ter professores do porte de um Silveira Bueno, um dos maiores filólogos da nossa língua, Dr. Carlos da Silveira, professor de história e que chamava a colega Elza Fleury de índia; e o Professor Ozório de química, que se despediu da classe dando notícia da divisão do átomo, em curso na ocasião; e o de Física, Dr. Ferraz, que morava na Avenida Paulista. 
E o professor Rivadavia de latim, e o professor Vilhena de matemática, e o professor Cardim de ciência, e o professor Azzi, que me fez amar a língua francesa.
Aí, na mesma escola, assisti em francês, mais tarde, uma maravilhosa palestra do sociólogo George Duhamell.
E nos dias de Finados, visitar os cemitérios do Araçá e o da Consolação, onde estão sepultados nossos parentes? (De que guardo na memória uma cantilena triste de meninas uniformizadas de cinza e que ladeavam a Alameda Central da entrada: 
"Esmola para as órfãs... esmola para as órfãs...”)

E de estar numa festa de casamento na Avenida Paulista, quase esquina da Brigadeiro Luiz Antonio, quando chegaram rapazes convidados, atrasados, trazendo notícias dos acontecimentos na Praça da República com os M.M.D.C. (início da revolução de 9 de Julho de 1932)? 
E de ter assistido com os meus pais, na Praça do Patriarca, comícios ouvindo o Tribuno Ibrahim Nobre (nas escadas da estatua de José Bonifácio), proferir seus inflamados discursos? (Outras vezes, ouvi cantarem: "João Pessoa, João Pessoa, o teu vulto varonil...")
E de lembrar a voz de César Ladeira, que repetia, insistentemente, pelo rádio, a notícia da chegada ao Campo de Marte do líder João Neves da Fontoura?

E de ter tratado dos dentinhos com uma dentista alemã (Elza Klein) no Edifício Santa Helena (na lateral esquerda da nossa majestosa Catedral da Sé), famoso porque era ali que se reuniam os integrantes da Semana da Arte Moderna de 22?

E de ter ganho "bambole Lenci" e bombons Falchi, nas festas da Epifania (Reis Magos) no "Círcolo Italiano", na rua da "Saudade em Flor", do nosso Guilherme de Almeida (onde se ergue hoje o Edifício Itália)? No Salão Nobre, havia lindíssimos afrescos, representando a Divina Comédia - Inferno, Purgatório e Paraíso, com os quais, menina, eu me extasiava. Nos tempos áureos do Fascismo, visitavam o Brasil personalidades que aí eram recebidas nessa sede. 
Pessoalmente, vi o futurista Marinetti, os "Sorci Verdi" (ratos verdes), aviadores italianos (com dois jovens filhos de Mussolini).
E de ir visitar com "Zia Antonieta", no Hotel Esplanada, uma amiga que lá morava (bem atrás do teatro e onde se hospedavam, nas temporadas líricas, Gigli, Bidú Sayão, Ezio Pinza, Tito Schipa, Tita Ruffo, penso que o próprio Caruso, Renata Tebaldi e outros – hoje, Edifício da Votorantim).

E de ter morado na Alameda Itu, próximo à Rua Augusta (de nenhum comércio nessa época)?
 E de descer de bicicleta, diariamente, a Rua Haddock Lobo, para ir ver a "nonna" que morava no fim desta, quase chegando na Estados Unidos?

E de ter conhecido as enormes vitrines da "Mappin Store", exibindo suas maravilhosas louças inglesas e as vitrines da Casa São Nicolau de brinquedos, malas e pastas, e a Casa Dirceu, de deliciosos doces feitos por prendadas paulistas, em suas próprias casas. E a Casa Fausto, de finas gravatas e camisas.
 E a Casa Fretin, de artigos cirúrgicos. Tudo aí na nossa Patriarca.

E na Rua Direita a "chic" Casa Alemã, com seus móveis artesanais e tapeçarias.
 E a "Slooper" famosa. E as casas de instrumentos musicais e partituras nas ruas Direita e São Bento - Campassi e Camin, Beethoven, Chopine Manon. 
E na Rua 15 de novembro, as casas de pratarias e jóias - Adam e Michel. E a Sonksen de Chocolates.

E as casa de tecidos finos como a Lenk, a Bonilha, a Hamburguêsa.
E ballets. 
E na Barão de Itapetininga, ir tomar chá na confeitaria Vienense, depois das matinês de domingo, nos cinemas da redondeza – Metro, Marabá, Ipiranga.
 E as casas Isnard e Casoy. E de ter feito fila nas escadarias do Municipal para adquirir (ou ganhar) entradas para assistir Shakespeare com Ermete Zacconi - Rei Lear - ou Pirandello com Maria Melatto. E óperas. 
 Eu devia ter uns dois aninhos e lembro bem numa das largas janelas envidraçadas da nossa antiga e linda casa térrea (de propriedade de uns nossos vizinhos e amigos - os alemães Auaback); eu espiava diariamente o acendedor do lampião
chegar, com sua "varinha mágica".

E em tempo, uma coisinha linda e romântica: nessa esquina das ruas Amazonas e Três Rios, onde eu criança morava, havia um poste de iluminação pública da época - o famoso lampião de gás - cantado por Inesita Barroso.

E na mesma rua havia a padaria Lanci e a marcenaria dos Helmeister.

Se esqueci muita coisa mais, que me perdoem, minha São Paulo antiga e meus contemporâneos. Sou de 1920. Abaixo está meu endereço, para quem quiser me dar um olá! E puxar minhas orelhas por algo esquecido.


Egle Fincato Fleury

FONTE:  site: São Paulo, minha cidade





sexta-feira, 20 de abril de 2012

Tributo ao Professor Raul Schwinden

Professor Raul, à esquerda, com professores e alunos do primário- década de 1960- acervo CRE Mário Covas


     Saudade de um grande Mestre
 
Hoje os caetanistas da década de 60 estão muito tristes. 
Acabei de saber do falecimento do nosso querido Professor Raul Shwinden, acontecido ontem, dia 19 de abril.
Fui aluna do Prof. Raul de 1956  a 1959, no curso ginasial, na querida Caetano de Campos.
 
O que posso falar sobre ele?
Foi um grande mestre, o professor que me ensinou a escrever e falar corretamente a nossa língua portuguesa.
 
Ele era charmoso, atencioso, muito educado e "bonitão", estava sempre de terno e gravata, como se apresentavam os professores, naquela época.
 
 Assistir às suas aulas era um prazer, uma alegria, uma coleta de conhecimentos que eu guardaria para toda a vida.
 
Era rigoroso, sim, mas eu sabia que tudo que exigia era para meu bem.
Quantas vezes escrevi 100 vezes uma determinada frase, para corrigir uma regra de concordância, um erro ortográfico, uma falta de atenção em sala de aula.
Quantas vezes tremi, quando chamava meu número, para ler na frente da sala, a redação que havia escrito em casa.
 
E assim foi, pois apesar de ter feito o Normal e Faculdade de Pedagogia, sempre fiz uso do que aprendei naqueles quatro anos de ginásio, e até hoje, se tenho alguma dúvida sobre alguma regra de Português, consulto o caderno que fiz naquele tempo e que guardo com todo carinho e lembrança desse querido mestre.
 
Há pouco tempo fiquei sabendo que estava doente, mas mesmo assim, ao saber de seu falecimento, uma dor apertou meu coração e uma grande saudade bateu em minha memória.
 
Quantas recordações voltam daqueles dias, em que sentada em minha carteira, assistia às suas aulas com a máxima atenção, engolindo cada palavra que dizia.
 
Bate-me também saudades de minha mãe, pois numa comemoração de aniversário do professor, levei uma badeja de pastéis, que ele adorou e sempre me cobrava, querendo saber quando minha mãe ia lhe mandar os pastéis novamente. Desde então, os pastéis sempre estiveram presente em todas as festas para ele, e na bancada do exame oral.
 
Professor Raul leve consigo minha eterna gratidão, minha saudade, meu muito obrigada por ter sido meu mestre, por ter me ensinado o amor e o respeito pela educação e o gosto por entrar numa sala de aula e transmitir aos alunos o gosto, o carinho, o respeito pela língua portuguesa.
 
Professor Raul, com a sua partida, se vai também, uma parte da minha adolescência, mas, ambos ficarão guardados numa gavetinha muito especial de meu coração.
Obrigada Professor Raul, meu beijo e minha saudade.
 
Maria Lúcia de França Camargo
(Lu Camargo) -- 

Diretor, o professor Raul com D. Irene, Diretora do Jardim- Década de 1960- acervo CRE Mário Covas



terça-feira, 17 de abril de 2012

Professora Elza Matos Cunha Lima

Em 1972, com os irmão Cecília e José Merola- acervo Cecília Merola

Em 1946, D. Elza Matos Cunha Lima é admitida na Escola Caetano de Campos, no curso primário.
D. Elza nasceu na capital, fez o curso primário na escola anexa a Escola Normal do Brás, assim como o ginásio e o Curso Normal.
Nomeada em 1935, para as Escolas reunidas de Piqueroby, lecionou religião, dirigiu em 1937 o Grupo Escolar de Bocaiuva.
Em 1938 foi nomeada para a Escola Mista de Biguá, onde iniciou aulas de ginástica e canto.
Em 1939 foi para o Grupo Escolar do Asilo Santa Terezinha de Carapicuiba.
Em 1940 lecionou no Grupo Escolar da Vila Brasilândia, onde ensinou desenho e artes, expondo os trabalhos das crianças, o que foi uma novidade para a época.
Em 1946 é nomeada para o Instituto de Educação Caetano de Campos.
Em 1972 recebe medalha de prata de Professora Primária do Ano do Instituto.
Aposenta-se em 1974.


Diretores João Carlos Gomes Cardim, Corintha Accioly e D. Elza- Acervo Cre Mario Covas


1971- D. Elza e alunos- Acervo Eloá Amoroso






quinta-feira, 12 de abril de 2012

Documentos internos- 1968

              Frente

            verso

















                frente


                                 verso




1968







Folha 1


continuação


Fonte: Cre Mario Covas

Documentos internos- 1967















Fonte: CRE Mario Covas

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Olhares de criança na memória de uma avó: Mercadão da Cantareira, Beco da Fábrica, Caetano de Campos, dentre outros

Por Neusa Meirelles Costa


Tinha que ir ao Mercadão com mamãe, mas eu gostava mesmo era de ir à feira, lá na Avenida Tiradentes, onde ficava a banca de uma senhora alemã, quase em frente à Igreja de São Cristóvão, que vendia salsichas Santo Amaro (ela sempre me dava uma, e falava arrastado). Obrigatoriamente, quando ia à feira, passava pelo Jardim da Luz, e no jardim das rosas mamãe repetia que enterrara meu umbigo sob uma roseira “para você ficar bonita” - dizia. Acho que ela se esquecera dos espinhos, mas isso é coisa de mãe.
Para ir à feira, saíamos pelos fundos do Edifício Maluf, que dava para o Beco da Fábrica. Não sei se ainda existe, mas era o lugar de brincadeiras, sob olhar vigilante de mamãe. Nas poucas casas, moravam senhoras, que mamãe cumprimentava. Creio que o beco tinha calçamento de pedras, ou de paralelepípedos, porque não se podia correr ali. Em frente, na Rua Florêncio de Abreu, ficava a Casa Del Guerra, ferragens, armas e outras coisas que não me interessavam absolutamente.
O Jardim da Luz era uma espécie de quintal à distância: eu conhecia seus espaços e alamedas, brincava com crianças judias, cujas mães mal falavam português, eu que morava na Rua 25 de Março, em um edifício onde moravam famílias turcas, sírias, libanesas, uma família judia húngara, outra italiana e nós, uma combinação de carioca com paulista tradicional. De todas guardo recordações e estórias boas, e não é à toa que sou socióloga...
Mas ir ao Mercadão não era bom: tinha que passar no “Mercadinho”, e comprar verduras, sentia a tristeza antecipada de comer espinafre e de sujar os pés com a “laminha” preta daquele chão molhado, que entrava pela sandália branca. Os cheiros também não me agradavam, eram piores que os do Gasômetro, no Parque Dom Pedro, “cheiro” que fui obrigada a “respirar” para curar a “tosse comprida”. Do “Mercadinho” ainda ouço, se me esforçar, os “Eh!” dos carregadores avisando que eu, distraída, estava atrapalhando os carrinhos cheios de engradados de aves.
Da Rua 25 de Março, onde morávamos, íamos, mamãe e eu, de ônibus (João Ramalho) ou andando para o Instituto de Educação Caetano de Campos na Praça da República. No caminho cruzávamos a Rio Branco em construção, e a certa altura eu me lembro que se via a farmácia de seu Antonio, em uma esquina. Lembro-me do grande globo verde, de vidro que ficava em cima do balcão; mas é só, porque a esquina desapareceu, e farmácia lembra injeção de vitamina, um horror de toda infância.
A Avenida Ipiranga se anunciava no caminho, depois que acabavam “as obras”. A calçada então, era larga, passávamos por um restaurante (Scavoni?) muito chique, mas do qual se dizia “onde a gente paga, mas não come”, depois pelo Brahma, na esquina da Avenida São João. Dali era possível ver o Cinema Metro, um programa das matinês de domingo. A seguir passávamos pelo Marabá, à época um elegante cinema, do outro lado, o Ipiranga, onde assisti a vários desenhos de Disney. NNa esquina da Rua 24 de Maio ficavam do outro lado, uma loja de pianos, e desse lado, depois do Marabá e de um Hotel, creio que o Terminus, uma loja de bijuterias. Eram duas tentações separadas por uma avenida: do outro lado, a música na interpretação de pianistas que ali executavam peças, desse lado, as “jóias para gente grande”, que eu não via a hora de poder usar.
Fiz o Curso Primário na Caetano de Campos, tenho fotos amareladas das turmas, das professoras, Dona Lourdes de grandes olhos verdes e turbantes, Dona Vera, também de olhos verdes, moderna, chique, e dirigia um a carro! Dona Rosário, Dona Isaura e Dona Olga, de óculos, sempre muito séria. Guardo lembrança viva de Dona Iracema, a bibliotecária que estimulou meu amor pelos livros, e de Dona Preciosa, cabelos brancos, tingidos de lilás. Ela me fez saber que “biblioteca não é um lugar para uma criança de nove anos vir todo dia”. Acontece que eu gostava muito de Castro Alves, seus poemas compridos, e a cópia demorava... Só depois fiquei sabendo que poderia retirar emprestado da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, da Caetano de Campos, o livro Espumas Flutuantes, mas então, a despeito da ranzinza Dona Preciosa, eu já copiara os dois poemas: Navio Negreiro e Vozes d’África.
Na “Caetano” descobri a cultura brasileira nas comemorações do Centenário de Sílvio Romero. Dona Helena, de quem infelizmente não sei o sobrenome, produziu um espetáculo de canto e dança: “Reisados”. Fui uma marquesa de nove anos, talvez desafinada, que cantava “Entrai, entrai, boa gente...” para os pastores da visitação.Depois das aulas, à tarde, lá ia eu, pela mão de mamãe, para a Aliança Francesa, na Praça Dom José Gaspar, pela Rua 7 de Abril. No caminho, passava pela Boite Oásis, e a curiosidade de criança olhava as escadas, querendo ver além da porta, aquele lugar de tanto charme, como eu ouvia nas conversas dos adultos. Em compensação, saindo da Aliança, era o momento para comer o melhor sanduíche de lingüiça que provei na fome da minha infância: na esquina da Rua 7 de Abril com a Conselheiro.
Digo o melhor “sanduíche de lingüiça” porque em matéria de hot-dog, nada havia de melhor que os das “Lojas Americanas”, na Rua Direita. Ir para lá com mamãe era ser submetida a uma tortura, mas o sanduíche era o prêmio de consolação. As Lojas Americanas eram cheias, de compradoras ávidas por tudo, mas havia um problema: crianças da minha altura não enxergavam os produtos expostos sob intensa iluminação, atiçando a curiosidade de menina, que se não podia usar brincos e pulseiras, pelo menos desejava vê-los. Mas não podia, porque mesmo nas pontas dos pés, e não podia me apoiar nas beiradas que eram de vidro, eu apenas enxergava cartões e mais cartões, o perfil dos brincos, pulseiras e enfeites. Era uma tristeza. Merecia o prêmio de um hot-dog com mostarda e uma “caçulinha”, a guaraná daqueles tempos...
Depois era voltar pela Praça do Patriarca, uma passadinha na Igreja Santo Antônio, observar mais uma vez o dourado do barroco, que minha infância não entendia, seguir pela Rua São Bento, entrar no Mosteiro, onde fiz a Primeira Comunhão, e ainda caminhando, chegar à casa pelo Beco da Fábrica.
Essas são lembranças de uma São Paulo que à época era minha, de uma criança. São olhares e impressões que guardo na memória, coisas que retornam quando leio outros resgates de memória, que figuram nessa São Paulo virtual de todas as lembranças.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Professora Kiyome






Hoje, dia 2 de abril de 2012, D. Kiyome completa 76 anos. Há um ano atrás, minha turma se reunia em torno da nossa querida mestra após 33 anos sem nos encontarmos. Quem estudou no Caetano de Campos passava a infância e adolescência juntos, então aquele encontro foi muito emocionante. Participaram do encontro outras duas professoras do primário, D. Edith Chiurso e D. Lúcia Biondo. O diretor Fábio de Barros Gomes também foi convidado. Se esse blog existe ainda hoje, foi devido a esse encontro. Eu comecei pedindo aos amigos que me enviassem suas fotos de quando éramos crianças na escola, para fazer um álbum de resgate de memória coletivo. Para ilustrar, fui atrás do acervo da escola e coloquei eventos da década de 1970, quando fomos alunos. Foi um sucesso total. Começamos a nos ver uns nas fotos dos outros. Eu me achei numas 5 fotos que eu nunca tinha visto na vida. Um colega nosso, o Marcelo Mússio se viu fantasiado de cachorro na festa do Jardim e que ele nem se lembrava de ter participado, aliás ele foi o colega que mais saiu em fotos e a ironia é que ele tem uma péssima memória e não se lembra de nada daquilo.
O encontro foi mágico, foi memorável e realmente percebemos os laços de amizade que foram construídos naquela Escola durante 10 ou mais anos em que permanecemos lá. Por isso que o blog chama-se Caetanistas 78, foi a turma que se formou na oitava série naquele ano. Depois me apaixonei pelo acervo da Escola e nunca mais parei de publicar assuntos relativos a ela.
D. Kiyome, que não para quieta, tem uma Escola no Km 39 da Raposo Tavares, o Colégio Kosmos, e aplica todos os valores que a Escola Caetano de Campos, como estudante e professora daquela instituição que foram passados a ela.
Está criando uma ONG chamada Resgatando Valores, que irá promover em diversas áreas projetos ligados à educação, saúde, ciências, lazer, etc..., tudo para o benefício da comunidade. Estes integrantes da ONG serão na maioria alunos do Caetano de Campos.
Quem quiser participar com algum projeto, está convidado!
Esse discurso foi gravado em setembro do ano passado no auditório que era da nossa escola, na homenagem aos 120 anos de morte de Caetano de Campos.

domingo, 1 de abril de 2012