domingo, 29 de maio de 2011

Alunos Coreanos

Em 1972, na segunda série do primário, entrou em nossa classe uma colega recém chegada da Coréia: a Shum Mi Moon. Ela era meio tímida, falava pausadamente, muito boazinha e eu logo fiquei amiga dela.
Eu era muito curiosa e queria saber por que ela tinha vindo morar no Brasil. Ela me contou que os pais eram professores universitários na Coréia e que o que estavam ganhando não dava para sustentar a família, ela tinha mais irmãos. Mas o que me chamou a atenção foi o que ela fez questão de frisar em suas palavras: na Coréia, professor é muito respeitado, não é como aqui.
Fiquei com aquilo na cabeça, pois meus pais eram professores, numa época em que tudo o que um professor pedia numa sala de aula era respeitado. Será que ela queria dizer que as pessoas davam o devido valor no seu país e aqui não, o chamado reconhecimento, acho que era isso o que ela quis dizer.
Um dia, nossa professora, D. Ethel Koyranski, já falecida, me pediu para que eu acompanhasse a Shum até o consultório médico, naquela época ainda no porão da escola ( no centro de puericultura , que foi fechado naquele mesmo ano), pois a Shun tinha picadas de pernilongos pelo corpo inteiro e a professora achou que podia ser coisa piór. Descemos nós duas pelo elevador pantográfico, coisa proibida para alunos, mas naquele dia foi diferente, tínhamos o aval da professora.
O médico a examinou e disse que devia ser uma reação alérgica à comida.
Chegando na classe, relatei o dianóstico, pensando, com a meu vasto conhecimento médico dos meus 8 anos de idade, que aquele profissional não sabia nada sobre alergias ou picadas de pernilongo; o que acabei descobrindo e confirmando quase 40 anos depois, ao conversar com uma amiga coreana que me relatou que as crianças de sua colônia , ao chegarem ao país, eram inexplicavelmente atacadas por pernilongos e viviam cheias de mordidas pelo corpo, como se fosse catapora. Estranho , não é?!
O fato é que lembro-me de como nos anos 70, muitos alunos recém chegados desse país foram recebidos na escola e como eram excelentes alunos, destacando-se  principalmente em matemática. A Shum estudava também piano e logo ficou amiga da colega Eliane Yoshida, viviam trocando partituras. Em que país do mundo um japonês , um coreano e um judeu tornariam-se amigos inseparáveis e em que escola isso tudo aconteceu, pra variar? Na escola onde não havia diferenças entre raças, cores , religião e classes sociais, o Instituto Caetano de Campos.
Nesse ano, após procurar nossa turma e conseguir achar 90 deles, infelizmente não consegui achar a querida Shum. Se alguém tiver uma pista, por favor entre em contato.

Shum segurando o diploma da oitava série, acompanhada pela diretora Deyse Zenaro Nogueira

Semana da Pátria

Parada  de 7 de setembro

Quanto mais se pesquisa, mais fatos curiosos vêem à tona. Recebi inúmeras fotos de colegas da época em que estudamos na escola e consegui, através da Anna Paula, que tinha guardado um recorte de jornal de 1969 juntar a notícia veiculada na imprensa e a foto do arquivo pessoal da Cecília e do Kenny,  onde alguns de nossos colegas aparecem naquela comemoração da semana da pátria, em destaque o Fábio , com chapéu de papel e tudo.
Gostaria de aproveitar e pedir que quem achar que tem algum material guardado em casa , para me mandar, pois o resgate da história de nossa escola e também de nossa infância é primordial para a memória da escola pública no Brasil, pois haverá um futuro se não soubermos o nosso passado?



1969: Ao centro Fábio, atrás dele Selma, na sua frente Cecília e Pompílio
A foto original do arquivo do Kenny é quase a  mesma foto que aparece no jornal
Kenny marchando, na ponta à direita Marcinha
Ao centro Kenny e ao seu lado o grande soldado Marcelo M.

1969: Já no pátio, aguardando à solenidade, documentada pelo jornal   "Folha De São Paulo"







Em 1972, um hino foi criado pelo compositor e jornalista Miguel Gustavo Werneck de Souza Martins para as comemorações dos 150 anos da Proclamação da República, o Sesquicentenário da Independência. Colocaram a gravação de uma mulher pra cantar o tal hino dia e noite na rádio e tv e aquilo não saia da cabeça de ninguém. Esse criador do hino foi o mesmo que ganhou um concurso para a música da Copa do Mundo no México, em 1970: Pra frente Brasil, eram sempre os militares e sua onda de patriotismo pra cima do povo brasileiro.
.A seguir o hino, que foi provavelmente cantado na solenidade de 1972, regida pelo prof Rui Cartolano e cantada por crianças do primário e uma turma do jardim da Infância com uns chapéusinhos estranhos na cabeça.



“Marco extraordinário








O Sesquicentenário da Independência!
Potência de amor e paz
Este Brasil faz coisas
Que ninguém imagina que faz.
É Dom Pedro I








É Dom Pedro do Grito
Esse grito de glória
Que a cor da história à vitória nos traz
Na mistura das raças
Na esperança que uniu
No imenso continente nossa gente, Brasil"
Sesquicentenário
E vamos mais e mais
Na festa, do amor de da paz
(bis)



1972: Professoras Maria Teresa, Maria Aparecida e de braços cruzados Regina Gass

1972: Aluno abraçando alguma autoridade, atrás o diretor Fábio deBarros Gomes, D. Carmela e à direita D. Carminha

1972: Prof. Rui Cartolano regendo a turma, atrás bandeiras hasteadas e rua fechada para a comemoração



sexta-feira, 27 de maio de 2011

A Escola pioneira

Primeira Escola Normal de São Paulo, criada em 1846.

Primeira Escola-Modelo (escola primária pública) de São Paulo- 1890

Primeiro Jardim da Infância ( ensino público) de São Paulo - 1896

Em 1910 foi criado o primeiro gabinete de Psicologia e em 1927 já eram aplicados testes Psicotécnicos em um Laboratório de Psicologia Experimental , onde eram realizados testes através de aparelhos para medir fadiga,tempos de reação, as sensações cutâneas, visuais e auditivas; para determinar a atenção e percepção , a acuidade visual e auditiva; bem como baterias de testes para classificar o nível mental, a atenção, a memória, o caráter, a personalidade e para orientar racionalmente os ofícios e as profissões.

Criou-se salas especiais para cegos e deficientes auditivos.Primeira aluna cega: Dorina Nowil, que depois de passar em primeiro lugar no curso Normal, criou as classes no Curso Normal, especializadas em deficientes visuais.

Em 1910 já existia na escola os Laboratórios de Física, Química e Biologia.
Para citar alguns exemplos, como o Prof. Carlos Alberto Gomes Cardim, dirigiu a escola de 1925 a 1928,( foi diplomado pela escola em 1894) ,que cultivou a arte na escola, através da música, poesia , teatro e canto orfeônico, que mais tarde deu início ao curso de especialização e gerou o primeiro conservatório estadual de Canto Orfeônico ( 1963),  posterior Faculdade de Música.

Foi através dele que se criou a Biblioteca Infantil do curso primário, a primeira do Brasil.

As primeiras cartilhas de alfabetização foram criadas na Escola, assim como os primeiros livros de leitura infantis, o que gerou um desenvolvimento na área editorial no Brasil.

Dr Fernando de Azevedo, dirigiu a escola de 1933 a 1938, transformou a Escola Normal em Instituto de Educação Universitário que culminou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras lá permaneceu até 1949,  no terceiro andar construido para este fim. Deve-se lembrar que a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras era formada de professores da Escola Normal e posteriormente de professores estrangeiros. Depois de sua criação é que puderam ser unidas a ela a Faculdade de Medicina, a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a Escola Politécnica, formando assim a USP.        

Através dele foi criado o Centro de Puericultura em 1933 que funcionou até 1972.

Nos anos 1930 a escola foi equipada com aparelhos audio-visuais para a elaboração de filmes educativos, além de diascópios, episcópios, gramofones, vitrolas, gravadores,máquinas fotográficas, projetores cinematográficos e estereoscópios, fitas e discos sonoros, filmes 16mm- sugere a força que tais equipamentos alcançaram no cotidiano escolar nos anos30/40/50, bem como a presença que marcaram na educação em várias gerações.

Inúmeros livros didáticos foram criados pelos professores da escola no pós-guerra para substituirem edições estrangeiras, que muitas vezes nada tinham em comum com a realidade brasileira.

Prof. Maria Helena C. Figueiredo Steiner ( 1933 a 1945), ministrou cursos de Sociologia geral e educacional, administração escolar  e aperfeiçoamento de professores primários. Foi também professora de Psicologia geral do desenvolvimento do adolescente. Cursos pioneiros levados posteriormente para outros estabelecimentos de ensino, tais como  Pedagogia e Administração Escolar.

Em 1947 O curso de especialização para a educação de deficientes visuais foi integrado no Instituto de Educação Caetano de Campos. Foi o passo inicial, real,concreto e objetivo para que a educação de cegos se integrasse como um processo dentro da própria educação brasileira.

Cecília Bueno dos Reis Amoroso, professora de Metodologia e Prática do Ensino Primário, criou e desenvolveu um método de alfabetização e de aprendizado de matemática aplicados nos alunos do primário da escola, nos anos 50, 60 e 70 que depois foi adotado por diversas instituições de ensino no Brasil.

A escola desde os primórdios comemorava datas históricas e festivas de maneira grandiosa ,uma marca registrada da instituição: havia uma mobilização por parte de professores e alunos, uma tradição perpetuada ao longo de toda a existência ali no edifício da Praça. Nessas ocasiões recebeu figuras ilustres, como Presidentes da República,  a Família Real Belga , nos anos 20, Governadores, Prefeitos, Ministros, enfim um instituto sempre muito conceituado em nossa sociedade.

Após uma reforma no ensino no final dos anos 60, muitos professores concursados e mais novos substituiram professores mais antigos, a escola renovou-se, parte destes novos professores tinham sido ex-alunos da Escola Normal, os chamados “prata da casa “.                 A escola transformou-se na chegada da década seguinte, no ano de 1971, com a lei de ensino e novas diretrizes aboliu o exame de admissão para o ginásio e criou o curso Colegial. Métodos experimentais foram adotados.
A escola era dinâmica,independente, sempre se modernizando.
Em suma: não se questiona a importância do Instituto em toda a sua existência como sendo pioneiro na formação de profissionais da área de Educação, na criação de cursos depois difundidos em todo o Brasil, do caráter de novas propostas Pedagógicas sempre evoluindo com o passar dos tempos, dos valores passados por todas as gerações que ali passaram, numa época onde os professores eram respeitados e os alunos sentiam orgulho de serem Caetanistas.
Foi no ano de 1977 que a Escola encerrou as atividades no prédio da Praça.Alunos foram transferidos para duas outras unidades, uma na praça Roosevelt e outra na Aclimação. Grande parte dos professores removeram-se para escolas particulares ou anteciparam a aposentadoria.  A Escola e o Ensino público nunca mais foram os mesmos, alguém duvida?


domingo, 22 de maio de 2011

Hino do Caetano de Campos

Prestem atenção à letra do hino: O progresso se funda no ensino e no ensino o Brasil se fará...



Música de José Ivo e letra de Romão Puiggari





Salve escola que tanto adoramos,
salve o templo do bem e do saber
Em teu seio fecundo esperamos 
A ciência e virtude sorver
O progresso se funda no ensino
E no ensino o Brasil se fará
Mais brilhante será seu destino
O futuro da Pátria aqui está.
De Caetano de Campos tivemos 
Belo exemplo que é o nosso ideal
Imitando-lhe a vida teremos
O mais santo e seguro fanal
E no peito de cada menino
O Brasil um bom filho terá
Mais brilhante será seu destino
O futuro da Pátria aqui está.
Salve escola da pátria a esperança
Tu garantes um belo porvir
Pois procuras em cada criança 
Novos germes de amor produzir
E da escola ouviremos o hino
Que o amor do Brasil cantará
Mais brilhante será o seu destino
O futuro da pátria aqui está








sábado, 21 de maio de 2011

Quem conhece essa turma?Pista:Fábio, Welington, Anik e Christiane




Eu me lembro de alguns deles, mas não sei de que turma são, se quiserem me mandar um e-mail com informações ou comentários:  baixinhadeumafiga@hotmail.com

Biografia de Antônio Caetano de Campos


     Tenho passado os últimos meses colhendo material de pesquisa para o blog e desta vez fui atrás da biografia do nosso patrono. Fui atrás de publicações em livros, jornais e até pesquisas escolares tentando entender o perfil deste homem. Algumas características de sua personalidade, caráter e seu destaque na liderança seja na parte acadêmica, como na profissional me chamaram atenção. Antonio Caetano de Campos sempre aparece como sendo aluno brilhante, pessoa amável e carismática e onde quer que passasse deixava sua marca registrada: uma pessoa que concretizava idéias, construia sonhos impossíveis, era perseverante na realização dos diversos projetos que lhe caia nas mãos em suma fazia as coisas acontecerem. O homem sempre foi tão admirado que é muito interessante ao ler artigos sobre ele, como é “disputado “pelos educadores de um lado e pelos médicos do outro, pois foi excepcional em ambas funções.

     Uma coisa sempre ficava na minha cabeça ao ouvir o hino da nossa escola, quando eu tinha lá meus 10 anos de idade, no trecho que diz o seguinte: “de Caetano de Campos tivemos, belo exemplo que é o nosso ideal, imitando-lhe a vida teremos ,o mais santo e seguro fanal” Eu me perguntava o por que de ter de imitar a vida de alguém se eu queria ter a minha própria vida. Hoje eu penso o seguinte: temos que buscar o bem e fazer as coisas acontecerem , sermos perseverantes: entendo agora o significado deste hino.  A seguir a vida desse homem extraordinário:

 O Dr.Antonio Caetano de Campos nasceu em São João da Prata na então província do Rio de Janeiro, aos 17 de maio de 1844.
Aos nove anos de idade,ao perder seu pai, transfere-se para a Corte,( como assim se denominava a Capital do país),em companhia de sua mãe que para poder sustentar seu filho entrega-se aos mais árduos trabalhos. Consegue matriculá-lo assim no conhecido Colégio Tautphoeus.
Nesse colégio, o jovem Caetano se destaca, ao ponto de aos 16 anos ser-lhe confiada uma classe, tornando-se um pequeno mestre. O próprio Tautphoeus, com admiração e afeto pelo seu discipulo, assumiu generosamente os meios necessários para faze-lo conquistar um diploma no curso superior.
Matriculou-se então em 1862 na Faculdade de Medicina da Corte, onde novamente destacou-se com seu talento e brilhantismo demonstrado nas provas.Apesar de trabalhosa a vida acadêmica, continuava lecionando no Colégio Tautphoeus e explicava as matérias do curso médico aos seus colegas, angariando fundos para ajudar a custear seus estudos.No quinto ano candidata-se à cadeira de ingles, no Colégio D. Pedro II, mas à despeito de suas provas, não foi aceito injustamente .

   Concluiu o curso médico em Novembro de de 1867, no dia 5 de dezembro, como orador da turma, formou-se, então, Doutor em Medicina.
Nessa época o Brasil ainda estava em Guerra com o Paraguai. O Dr. Caetano de Campos é nomeado cirurgião da Armada,partindo para regiões inóspitas da república vizinha, servindo a bordo dos encouraçados  “Colombo “e “Herval “. Depois de permanecer por dois anos e tendo contraido Beriberi é forçado a voltar para corte.

   Os sintomas desta doença se caracteriza por alterações nervosas, cerebrais e cardíacas. A doença se instala como consequencia da carência de vitamina B1 (tiamina). Naquele momento, infelizmente ainda não havia conhecimento e tratamento específico para a doença.
Por essa época, havia uma vaga de professor na Faculdade de medicina, mas apesar de sair-se brilhantemente nas provas e ser classificado em primeiro lugar não foi nomeado.
Em 5 de fevereiro de 1870, casa-se com a Maria Julia da Mota Rio, tiveram sete filhos: Julia Olympia, Octavio, Alda, Jaime, Marina, Heitor e Olympia.

   Aconselhado por seu mestre, amigo e padrinho de casamento, o notável professor da Faculdade de Medicina Francisco Praxedes de Andrade Pertence, Caetano de Campos transfere-se para a Capital da nossa Província ( São Paulo) em junho de 1870.
Ele era descrito como: “um homem alto, esbelto, olhar inteligente, cortês no trato e conversação, dotado de raras qualidades morais , por onde quer que passasse , deixava um rastro de simpatia, que não raro se transformava em admiração . Sua voz de sonoridade agradabilíssima,encantava, eletrizava. “ Ou seja, uma pessoa carismática, uma unanimidade!
Amava Biologia e adorava transmiti-la a seus ouvintes.

   Logo ao chegar em São Paulo, pratica uma cirurgia complicadíssima e obtém excelente resultado. Seguiram-se curas felizes, conquistando vasta clientela e dedicando –se à atendê-la, apesar da doença haver se manisfestado e sempre deixá-lo cansado.Era extremamente generoso e carinhoso com seus pacientes.Enfermos pobres, sempre encontraram nele o médico amigo e protetor.Garantia a muitos eles a aquisição de remédios gratuitamente.

   Por esses e outros motivos foi nomeado no dia 1* de janeiro de 1872 médico e cirurgião da Santa Casa de Misericórdia ( diretor clínico), pelo sr Major Brás da Silva, Mordomo do hospital. O hospital estava instalado desde 1840 num velho casarão térreo na Rua da Glória esquina com o caminho da Bica, hoje rua dos estudantes.

Descreveu o que encontrou da seguinte maneira: Paredes sujas e mal conservadas, chão que nunca fora raspado desde a fundação do hospital, e cuja lavagem se fazia duas ou três vezes por ano; uma cozinha que além de ruim, estava mal mantida e necessitava ser reformada, enfermeiras imundas, tudo faltava: desde roupas até objetos mais indispensáveis: havia somente 2 bacias de rosto para todo o hospital farmácia desguarnecida de tudo, arsenal cirúrgico desmantelado, em resumo, o hospital só tinha nome, e um nome justamente difamado.Com cerca de 40 lençóis e alguns maus cobertores se fazia o serviço de leitos; com água tirada aos baldes de um poço por um servente, único para todo o serviço, que além de estar sempre embriagado era preguiçoso, com um enfermeiro e enfermeira que maltratava o doentes, tratando-os como criados e se fazendo passar por administradores, com um médico que passava 3 dias sem passar no hospital, com um medico substituto que havia falecido, achava que era impossível, , que predominasse com boa reputaçãoa Casa de Caridade de São Paulo.

   Nestas condições Caetano de Campos apelou para os sentimentos filantrópicos da população paulista, no intuito de reorganizar aquela instituição, para ele, uma das mais importantes.Não foi fácil, porque por mais incrível que pareça a Santa casa tinha fama de rica, então poucas pessoas contribuiram. Entretanto, várias ofertas foram feitas e os artistas da capital promoveram espetáculos em benefício da instituição.
As sras. Veridiana Prado e Benvinda Ribeiro de Andrade, pertencentes à elite paulistana, auxiliaram o Dr. Caetano de Campos na obtenção de recursos necessários para a reforma do Hospital.assim pode-se instalar o asilo para os pobres enfermos que não tinham condições financeiras de arcar com as despesas médicas.

   Para a adminitração do serviço interno, o Dr. Caetano de Campos sugeriu ao Provedor do hospital, Barão do Iguape,Antonio da Silva Prado, a vinda das irmãs da Congregação de São José de Chambery, que para ele eram as únicas mulheres para o exercício dessa nobre missão e ainda tratavam os enfermos com resignação e extraordinário carinho.

   Com maior zelo e dedicação o Dr. Caetano de Campos exerceu o cargo de medico até que um ato de injustiça ligado à constução do novo hospital, na Chácara Marechal do Arouche, onde se acha atualmente, levou-o a solicitar sua demissão.

   Tempos depois de construido, aceita novamente o cargo de médico promovendo diversos melhoramentos no serviço interno.Mais uma vez, depois de exaustivo trabalho para engrandecimento desta instituição, foi ferido na sua sensibilidade pela injustiça dos invejosos, demitindo-se para nunca mais voltar.

   Apesar de afastado do hospital da Santa Casa de misericórdia, o Dr. Caetano de Campos prestou por muitos anos serviços às irmãs da Congregação de São José , que por ele nutriam profundo respeito e confiança.

   O professor Caetano de Campos foi “descoberto”,por Rangel Pestana, também vindo de uma província do Rio de Janeiro. Como ele e sua esposa D.Damiana Quirino dos Santos possuíam um colégio para moças, contrataram-no  em 1876 a dar aulas de Quimica, Física e Ciências Naturais e tornaram-se grandes amigos. Foi professor também na Escola Neutralidade, fundada pelos positivistas em 1883.

  Com a Proclamação da República Rangel Pestana,que era jornalista e havia fundado o jornal  “A Província de São Paulo” juntamente com Prudente de Moraes e Joaquim de Souza Murra tornaram-se governadores da província (triunvirato)  nomearam Caetano de Campos diretor da Escola Normal, tendo como missão desenvolver uma escola de acordo com as novas idéias republicanas  e reformas do ensino público. Caetano de Campos não só realizou a  Grande Reforma no Ensino, como criou a Escola Modelo,com a ajuda de Miss Browne, numa época em que as crianças para estudarem tinham que frequentar a casa de professores se quisessem ter o ensino básico.

   Assume, então a direção do que seria uma das maiores instituições educacionais do país,mas achava que haveria a necessidade de se construir uma sede própria, mais adequada para representar os ideais republicanos. Para isso,uma verba destinada à construção de uma catedral é dirigida para o que seria o modelo de escola republicana: a Escola Normal e em anexo a Escola Modelo a ser construída na Praça da República. Parte do terreno foi cedido pela prefeitura e o restante adquirido de Fortunato Martins de Carvalho e Joaquim Mateus. Lançou a pedra fundamental, porém não conseguiu ver a obra terminada.
Caetano de Campos além de dirigir a escola trabalhava no cargo de médico do Hospital da Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficencia,que de início não pode recusar-se devido aos seus sentimentos filantrópicos. Entrando em exercício no dia 1* de junho de 1878, permaneceu nesse cargo até seu falecimento em 1891. Aqui o Dr Caetano exerceu o cargo de médico e depois chefe das clínicas médicas e cirurgica.As diretorias que se sucederam de 1878 até 1890 foram sempre unânimes em reconhecer o zelo que sempre dispensou aos enfermos, o que aumentava consideravelmente o prestígio do Hospital.

   Tantos foram os serviços relevantes à instituição que os sócios apoiados pela diretoria resolveram colocar seu retrato pintado à oleo e executado por Almeida Jr, na sala de consultas, em solenidade realizada no dia 30 de novembro de 1884. Na ocasião foi saudado pelo sr. Gaspar da Silva, redator do”Diário Mercantil “, mais tarde agraciado com o título de Visconde de Boa Ventura.
O Dr. Caetano de Campos recebeu ainda o título de Sócio Benemérito do Hospital.
Às 6 horas do dia 12 de setembro de 1891, no prédio n* 12 ( hoje não existente), da Rua brigadeiro Tobias, falece vítima de um colapso cardíaco da doença que há anos o consumia.
Houve na escola somente uma turma formada por ele, a de 1890.

   Quando faleceu algumas pessoas arcaram com as despezas do funeral, pois apesar de todo o trabalho realizado na área de educação e médica ,não tinha posses.
Quando o prédio da nova escola ficou pronta em 1894, a Escola modelo anexa à escola Normal foi denominada Escola ‘Caetano de Campos” em homenagem ao seu idealizador.Somente em 1946 , tanto a Escola Normal, como a Escola modelo tornaram-se o Instituto de Educação Caetano de Campos. Nada mais justo.


Fonte: Dr. Salvador Rocco: Poliantéia Comemorativa: 1846-1946, São Paulo- primeiro centenário do Ensino Normal
Kishimoto,Tizuko Morchida: A préescola em São paulo:1877 a 1940: Loyola, 1988
Tanuri,Leonor Maria: O Ensino Normal do Estado de São Paulo: 1890-1930 São Paulo FEUSP ( Estudos e documentos,16).
Antonio Caetano de Campos- Fonte CRE Mario Covas

Tela pintada por Almeida Jr- Fonte CRE Mario Covas


 Dr.Caetano de Campos, director da escola Normal; Sr. Antonio Mercado, official do gabinete ( secretário do governo);Dr. Paula Souza (engenheiro que projetou a escola, director da escola Pollitecnica) director da Superintendência de Obras Públicas  ;Dr. Prudente de Moraes,Governador da Província e depois Presidente da República ;Sr. Bernardino de Campos, chefe da Polícia; Sr. Peixoto Gomide, director do thezouro , Coronel Lisboa, commandante das Forças ( acervo do Dr. Modesto Carvalhosa).
Verso da foto anterior

Carta de Prudente de Moraes ao Diretor da Escola Normal comunicando a Proclamação da República ( acervo CRE Mario Covas).



sábado, 14 de maio de 2011

Minha primeira classe no Jardim de Infância

Ao ser sorteada para ingressar no Instituto de Educação  “Caetano de Campos “em 1969, entrei no segundo grau do jardim da infância numa classe instalada de maneira bastante peculiar no pequeno pátio localizado do lado oposto à entrada principal da escola: nos fundos que dava para a rua que antecede a av. São Luis.
Era uma pequena casinha pré-fabricada de madeira,com janelas por toda a volta, que adorávamos, mas que inconveniente, pingava água dentro nos dias de chuva! Na hora do recreio após tomarmos nossos lanches em nossas mesinhas, íamos brincar no tanque de areia ao lado da casinha, onde havia alguns brinquedos, entre eles um escorregador . Lembro-me que durante aquele ano, a cada feriado ou festa importante do calendário a professora, D. Célia incumbia uma criança de pintar as janelas com o desenho da data a ser comemorada. Eu sonhava com o dia em que eu pudesse pintar a janela. Ela nunca me chamou. Que será que eu teria pintado? Esta casinha foi desmontada em 1972,segundo o Prof. Fábio, nosso diretor, que decidiu que por ali seria a saída de todos os alunos da escola, que , por medida de segurança não sairiam mais pelas portas laterais e sim no local mais próximo às peruas .
As fotos desta casinha encontrei nos arquivos do CRE Mario Covas e mostram já como estava para ser desmontada e o pátio refeito para o novo uso: a passagem de um elevado número de estudantes.

Parte Interna
1968

Pátio com parquinho e casinha ao fundo
1968


Parte externa em processo de desmontagem





Homenagem à Caetano de Campos

Era costume em nossa escola, desde sempre homenagear o nosso patrono. Muitas das homenagens ocorriam no cemitério do Araçá, onde se encontra a lápide de Caetano de Campos. Encontrei algumas fotos no arquivo do CRE Mario Covas sobre esse evento. Por incrível que pareça, localizei as fotos relativas à homenagem do dia 17/05/ 1974, quando nossa turma se reuniu em frente à escola para assistir ao discurso do nosso diretor Prof. Fabio de Barros Gomes,e tivemos a oportunidade de ouvir o neto do próprio patrono, o Sr.Antonio Caetano de Campos Neto, que ofereceu à escola um vaso pertencente ao seu avô. Estavam presentes sua bisneta, sra. Raquel Varella de Azevedo, que ofereceu também uma secretária pertencente ao bisavô e que foi posteriomente levada ao museu, Prof. Raul de Andrade e Silva ( neto de Caetano de Campos),estavam presentes a D. Carmela ( diretora do primário) , D. Maria Medeiros: vice- diretora e D.Aracy Fortes :assistente de direção; além de nossos colegas, como a Rita que aparece declamando e nós lá em baixo assistindo de camarote. Ao fundo aparecem nossas professoras D. Kiyome e D. Lúcia. Após esse evento, partimos em direção ao cemitério, onde eu(!) fiz o discurso. D. Kiyome me incumbiu de decorá-lo, me lembro até hoje das primeiras palavras:
“Meus digníssimos diretores, professores e meus caros colegas de estudo, estamos aqui reunidos… 


Roberta colocando as flores no busto do patrono

Sentadas: Soraya, Vanda, Mônica,Cecília, Anastásia, Patricia


Ana Maria e Tereza Cristina

D. Maria vice diretora falando, à direita , na parte superior Catarina e em baixo Cecília

Mônica e Soraya

Prof. Fábio , D. Aracy, assistente de direção e Antonio Caetano de Campos Neto

À esquerda , nosso colega Paulo Sérgio, discursando :Antonio Caetano de Campos Neto 

Prof. Fábio recebendo o vaso pertencente ao nosso patrono

Sra. Raquel Varella de Azevedo, bisneta de Caetano de Campos

Eliane, Márcio, Monica, Zaira, Patrícia e Durval, atrás à esquerda Maurice, Ubiratã, Maria Elvira, D. Kiyome, Jean, Milton

Olhem no fundão: Willy, Anselmo, Denis, Tereza, Ana Maria , Glaura, Selma e muitos mais!


Durval, Antonio Sergio, Emílio, Anna Paula, Ugo e Angélica

Turma da D. Lucia : Luis Antonio e Leonardo, D. Carmela discursando

D. Wilma, Maria Elvira,X, Alex , Luis Antonio e Leonardo

O que será que o Anselmo encontrou ali?

Rita!!!!

Aqui vemos D. Kiyome, D. Lucia, Monica F., Ciro, Helena, Tereza, Braga, Plinio, Fernanda, Annick, Rosana, Barreto, João...

D. Carmela, Eliane, Cecília, X, Soraya, Pompílio, Vanda, Ugo, atrás Eduardo , Deborah